Hospedara-se no peito


Sem querer aconteceu, nunca prestara atenção, nunca imaginara nada. Era ninguém. Não sei bem, a memória me ofusca os fatos, o início dessa história. Música alta, falatório, pulos e alegria. Ele me beijara.
Mãos, lábios e negligência. No fim daquela noite, eu já nem percebia mais a chuva nem a multidão. Não ligava mais para cumprimentos, fofocas e opiniões. Eu já me apaixonara tantas vezes, mesmo com tão pouca idade. Sempre fui confusa em relação a muitas coisas, mas sempre soube quem eu sou. Com seus sorrisos, sua voz, seus carinhos, ele entrou nos meus pensamentos noite e dia. Correu entre minhas veias e artérias se hospedando no coração. Com tão poucos dias eu tivera tanta certeza de viver um futuro que sempre fora um sonho. Eu só esperava que eu não estivesse iludida.
Um diálogo mudara tudo. Eu me esquecera que eu era apenas uma criança idiota perto dele. Eu era apenas uma idiota. Minhas lágrimas e meus apelos não lhe serviriam de nada. Eu nunca fui de me importar com o que os outros pensariam, com as críticas e preconceitos. Eu queria apenas tentar, eu quero tentar. Não tenho medo de enfrentar os muros de concreto que cruzariam nossos caminhos. Me sinto mal por não poder tentar.
Meu amor, se houver sentimento, não fuja de mim.

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